Rita Lee Jones de Carvalho nasceu em 31 de dezembro de 1947, em São Paulo. Ela era a filha mais nova de um dentista americano e uma dona de casa italiana. Rita iniciou sua carreira musical ainda adolescente e no final da década de 1960, integrou a banda Os Mutantes, junto com os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias.
Rita era fã de rock inglês e norte-americano, mas também acompanhava as últimas tendências musicais brasileiras. Ela era uma fusão da cultura brasileira com o cosmopolitismo global, numa época em que a bossa nova dominava o cenário musical e a guitarra elétrica era mal vista.
De repente, a ruiva sardenta, meio americana, parecia ter tudo a ver com o movimento tropicalista que começava a se formar na cabeça de artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil.
“Finalmente descobri meu lado brasileiro… Sou uma mistura de tudo. Sou tão brasileiro quanto Pelé… ou mais ainda”, disse Lee.
No início dos anos 1970, Rita Lee deixou Os Mutantes e passou a se apresentar com a banda Tutti Fruti. Nesse período, em plena ditadura, algumas de suas canções foram censuradas, chegando a ser presa em 1976, grávida do primeiro filho.
Lee alcançou sucesso absoluto em sua parceria com o marido Roberto de Carvalho. Durante a década de 1980, seus álbuns venderam milhões de cópias, apresentando sucessos atemporais como Lança Perfume, Baila Comigo, Flagra, Doce Vampiro e muitos mais.
Militância
Para além da carreira musical, Rita foi também advogada de causas importantes. Na década de 1990, ela se tornou uma das primeiras vozes a defender a preservação da Floresta Amazônica e os direitos dos povos indígenas.
Na última década, Rita Lee foi gradualmente se afastando dos holofotes. Seu último álbum de estúdio foi lançado em 2012, e seu último show foi em 2013, no aniversário de São Paulo. Durante a pandemia, ela fez até uma performance online com o marido Roberto de Carvalho.
Em 2021, lançou a música Change, em francês, e também foi homenageada com uma grande exposição no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo. Nesse mesmo ano ela foi diagnosticada com câncer de pulmão e iniciou o tratamento, tornando suas aparições públicas ainda mais raras.
Rita Lee era conhecida por sua personalidade irreverente, que era sua característica mais marcante. Apesar de ser comumente chamada de “Rainha do Rock Brasileiro”, ela rejeitou o título por considerá-lo muito clichê. Em entrevista à Rolling Stone Brasil no final do ano passado, ela revelou que preferia ser conhecida como a Padroeira da Liberdade.
Homenagens
Nas redes sociais, fãs, familiares e colegas artistas prestaram homenagens a Rita Lee.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou suas condolências no Twitter, afirmando que “a criatividade e a ousadia de Rita Lee transformaram a música brasileira. Seu humor e eloquência não pouparam nada nem ninguém”.
Ela desafiou e superou o machismo tanto em sua vida pessoal quanto na indústria da música, servindo de inspiração para gerações de mulheres no rock e nas artes. Seu legado, expresso por meio de suas músicas e livros, nunca será esquecido pelos milhões de fãs que ela acumulou em todo o mundo. A seus filhos Beto, João e Antônio, sua família e amigos, ofereço minhas mais profundas condolências. Rita, você fará falta, mas nunca será esquecido.
Margareth Menezes, Ministra da Cultura, saudou Rita Lee como uma “mulher revolucionária” e um emblema da música popular brasileira.
Fonte: Agência Brasil